No traço do poema ...
No traço do poema
desdobro as caras do Outono
hoje trovejado duma chuva miúda
e sulcado pelo corolário das brisas
ensopando o tronco das árvores
e sorrindo no cair da folha
bailando sem um porquê
que o tempo não contabiliza
e evadindo-se
num bafejado sopro de ar
para o céu cinzento e claro ...
E num dedo de encanto
às vezes esgrime-se o azul
e as figuras das pesadas nuvens
de cores mistas
do branco ao escuro cinzento
ao madrepérola
debroando as costas do mar
num eterno engenho
até à progressão para um embaciado
e nublado céu
cruzando as paisagens ...
Só as gaivotas
nos seus planares
aqui sonham a liberdade de existir
levando-nos com elas
para o desafio de intuir
a criatividade inteligente
desse abrir do coração e da alma
às naturais linguagens da criação divina ...